Augusto Heleno não é inocente e foi tão responsável quanto Bolsonaro - ou até mais, a depender de quem avalia, já que há quem o considere o manipulador da marionete - pela fragilização das instituições republicanas. Coube a ele, em diversas oportunidades, dar aval para que o então presidente encontrasse respaldo nas Forças Armadas para dilapidar a democracia no Brasil. O papel de general precisa ser reforçado para que não nos esqueçamos quem deve dividir o ônus por um movimento gestado ao longo dos últimos anos e que culminou no fatídico 8 de janeiro de 2023.
Alguns poucos deputados da base governista conseguiram entender o personagem que Augusto Heleno estava ali interpretando, o papel que lhe coube. Tanto que, ao longo do depoimento, a ironia presente na fala do ex-ministro conseguiu tirar do prumo quem tentava expor as contradições naquele discurso tratado pela direita como inofensivo.
Os momentos em que o general dividiu espaço com figuras como Damares Alves, Magno Malta e Sérgio Moro, para ficar nos altos costados do bolsorismo, foram explícitos de que ali tudo não passava de um teatro a gerar cortes para circular nas redes sociais. E, principalmente, no submundo da internet, plenamente dominado pela extrema direita no Brasil.
Há quem se engane com esse mito do "bom velhinho" de Augusto Heleno. Ele pode até ter uma ficha de serviços prestados ao país. Porém, ao longo dos últimos anos, manchou um pouco mais a imagem ainda arranhada do Exército e as tentativas de parcos oficiais em controlar a narrativa e o roteiro brasileiro como salvadores da pátria. Quem não os conhece, que os compre. Eu não aceitaria de graça.